quinta-feira, 1 de agosto de 2013

FOGUEIRA DA DESPEDIDA

Por Jayme Reis




Em uma noite de novembro de 2009, diante de uma fogueira e sob a égide da Fênix, nasce este trabalho, e de certa forma essa exposição. Estava eu em Tiradentes e me preparava para me despedir da cidade após dois anos de casa-ateliê.
A bela e substancial “fogueira da despedida”, arranjada no quintal da casa, consumia muitos objetos que julgava desnecessários naquele momento; obras eternamente inacabadas, contas pagas e já caducadas, panos velhos, todas as folhas e galhos que estavam no quintal, o livro Marimbondos de Fogo de José Sarney, a velha vassoura que nunca usei e etc... e etc...
Foi quando me ocorreu acrescentar à bela fogueira alguma lenha a mais e um objeto-avião de cor vermelha, pintado com tinta automotiva, que eu acabava de finalizar e já considerava “obra pronta”. Não houve titubeio em minha atitude, havia sim uma imensa alegria em seguir meu impulso, meu insigth.
Enquanto seguia enfeitiçado pelos ruídos da noite que se misturavam sem dissonâncias aos acordes do gênio de Bonn, observava a tinta automotiva se consumindo fantasmagoricamente enquanto se transformava em milhares de matizes. Também me deliciava com um certo “sentimento oceânico” que se agigantava em mim.
Aquela não era uma fogueira a mais em minha vida, ela tinha o poder de amalgamar pensamentos, devaneios, sentimentos e sonhos.
Por isso mesmo comecei a associar a figura da Fênix à imagem do objeto-avião em combustão. Aquela era a minha Fênix.
Curiosamente só retomei este trabalho há muito pouco tempo, esta foi o ultima peça a ser terminada para a exposição. Ficou todo este tempo estacionada em um canto de meu ateliê do Jardim Canadá. As marcas da fogueira estarão presentes para sempre neste trabalho e também em minha alma, afastando para sempre de meu entorno os nefastos e inoportunos.

A força, o dinamismo e o estado de poesia estão garantidos e protegidos para sempre em mim. Não tenho mais tapetes para serem puxados, troquei-os todos por tapetes voadores, que voam muito... muito alto.

Um comentário:

Jayro Schmidt disse...

É isso aí, Jayme, fogo na boneca, quero dizer, no avião! Nas labaredas o escalpelado, fogo no pelado!