segunda-feira, 23 de setembro de 2013

ÉRICO MAX MÜLLER, POETA

Por Jayro Schmidt




Nos últimos meses tenho procurado reunir documentos de e em torno de Érico Max Müller, poeta nascido no interior de São Paulo, Santa Cruz do Rio Pardo*. Viveu por quase uma década em Florianópolis e participou da Catequese Poética, iniciada em 1964, ano de publicação de seu primeiro livro, Um anjo morto na encosta, seguido por Ao corpo circunscrito, de 1966. Érico, em Florianópolis, colaborou com poemas e artigos no jornal Ilha, uma raridade editorial, como também no jornal O Estado.
Por ter localizado Ao corpo circunscrito na Biblioteca da UFSC, escrevi um ensaio, O poeta esquecido, que foi publicado no caderno Cultura, do Diário Catarinense. Menciono isso porque, depois de algum tempo, recebi e-mail de Roger Müller, irmão do poeta, agradecendo a façanha. E assim uma porta se abriu no sentido de reunir o que for possível em torno do poeta, cuja magnitude me proponho a não deixar ficar no esquecimento.
Roger Müller, que mora em Curitiba e é professor universitário, aderiu ao meu propósito e tem me enviado raridades como esta foto de Érico aos 32 anos, e com um comentário que faz parte da história doméstica, cuja imagem comprova: “diziam ele ser parecido com um rabino, inclusive rabinos o paravam pelo que me informaram”.
Érico, na época que viveu em Florianópolis, não ostentava esta barba, porém sua fisionomia não deixava de transmitir certa aura mística, como transmitem seus poemas.
Por falar nisso, mostrei a foto do poeta às moças que trabalham comigo e que dignificam a graça humana, Luciana e Aline, perguntando a elas o que poderia ter sido ele. Aline disse que foi “baterista”, e Luciana, que acertou em cheio, que foi “escritor”.
De qualquer maneira, a resposta de Aline não está longe do que acontecia nos recitais da Catequese Poética e nos pessoais de Érico. Ele tinha uma impostação de voz que, como diz esse nome, ia do mais brando ao mais agudo – de batidas sonoras, vamos dizer – e de tal maneira que a sua voz se parecia com a voz dos poemas ditos de memória ou com verificações espaçadas em páginas soltas que deixava sobre um engradado de madeira, no qual tremulava a luz de uma vela.
Este era o cenário do poeta, esta foi a vida do poeta.


* Nota da redação: Corrigido o que foi informado no dia da publicação desse post, Érico viveu mas não nasceu em Blumenau. (R.S.)


4 comentários:

Anônimo disse...

Información bibliográfica


Título Ao corpi circunscrito
Volumen 2 de Os Guardiões e os guardados
Autor Erico Max Müller
Editor Edições Livros da Ilha, 1966
Procedencia del original Universidad de Texas
Digitalizado 11 Ene 2008
N.º de páginas 42 páginas

Jayro |Schmidt disse...

Olá, Anônimo. Também cheguei a esta procedência dentre as pesquisas na tia net, mas, por outras vias tenho obtido muitas coisa sobre e de Érico que, certamente, serão imprescindíveis para o que estou me propondo: escrever sobre este poeta.

Mariza T. Martins disse...

Oi Jayro, acho lindo esse trabalho de pesquisar a vida de um poeta-escritor e depois nos honrar com sua obra. Boa sorte. Como que eu não li no caderno de cultura do DC, quando foi?
Abs!

Jayro Schmidt disse...

Oi, Mariza: vou dar uma olhada na data que foi publicado. Meu propósito é esse e, aos poucos, com o empenho do irmão do poeta muitas coisas estão chegando; daqui uns dias sai outro post sobre o primeiro livro do Érico, que é uma raridade.